segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O Cinema da Metafísica Bárbara


A mídia é um espaço imagético fantasmagórico. 
41 anotações sobre cinema e sua projeção e efeitos sobre a sociedade no século 20. 



Luiz Rosemberg Filho - Colagem


1
O cinema documenta a barbárie da época.

2
O cinema é o documento da barbárie da nossa época.

3
O cinema é a técnica de reprodução que documenta a barbárie de nossa época.

4
O cinema é o documento da barbárie.

5
Barbárie é a racionalidade técnica que submete a existência à produtividade normatizadora, reguladora. Exemplo: applemaníacos que cultuam Steve Jobs.

6
A barbárie é o produto da racionalidade técnica que simboliza tanto a emancipação quanto o sua regressividade. No célebre ensaio Benjamin finaliza: “Eis a estetização da política, como a pratica o fascismo. O comunismo responde com a politização da arte.”

7
O cinema de Hollywood documenta (representa) a barbárie de nossa época. O cinema de Hollywood é um documento da barbárie.

8
O mercado é o espaço imagético da fantasmagoria.

9
O mercado é o espaço imagético do tempo homogêneo. O espaço estético transforma-se em fantasmagoria. Arquiteturas da Destruição.

10
O mercado é o espaço imagético do novo sempre-igual.

11
O filme ou o cinema é o espaço imagético refuncionalizado.

12
O filme é um espaço imagético que pode ser analisado a partir da refuncionalização (Brecht). Arte e Ciência. Ciência e Arte. Exemplos: Philip Glass: Einstein on the beach. Meredith Monk: Dolmen Music. John Ono & Yoko Lennon no White Album: Number nine, number nine, number nine...

13
O valor histórico-antropológico do cinema: representação fantasmagórica do fantasmagórico.

14
Independence Day: espaço imagético da defensividade norte-americana. Corra Lola, Corra, recado rápido: time is money.

15
Jurassic Park: metáfora tecnológica da corrida biológica. Metáfora teológica ou crítica da ética criacionista.

16
Terminator 2 é uma metáfora teológica sobre a escatalogia tecnológica. Na outra ponta, David Cronenberg:eXistenZ

17
Terminator 2 é uma metáfora teológica sobre a restauração ou ressureição no sentido histórico da apocatástase.

18
A apocatástase fílmica é uma apcatástase histórica que tem como objetivo o cinema como semiologia da realidade.

19
O cinema é o espaço imagético ou possibilidade estética de interrupção do tempo histórico. Não se pense que estou enchendo a bola do James Cameron ou do Steven Spielberg.

20
Se a narrativa leva ao “tempo do agora”, o cinema é o seu espaço imagético (da história).

21
“Tempo homogêneo”, pode ser uma categoria da análise fílmica. Aí, a obra de arte se mostra crítica ou emancipadora do ponto de vista da refuncionalização.

22
A narrativa em Jurassic Park é estagnadora ou uma ruptura, crítica do tempo homogêneo?

23
Jurassic Park é uma narrativa instrumental ou uma crítica da linguagem fetichista?

24
Arte cinematográfica: profetismo revolucionário, fantasmagoria antifantasmática?

25
Cinema catástrofe: fantasmagoria da histórica leva a sociedade burguesa a confrontar suas contradições idealisticamente. Parece que só Kirsten Durnst entendeu o final de Melancholia.

26
O cinema é o inconsciente histórico da sociedade burguesa. O cinema é a representação fantasmagórica das relações sociais da nossa época. Cinema: uma história a contrapelo?

27
A arte cinematográfica ou cinema de massa, com representações que projecionam o imaginário tecnológico, revelam o cotidiano através das forças produtivas. Wall Street around the world. Conspiração Globo Filmes.

28
A arte tecnicamente reproduzida não deve ser entendida como esoterismo, mas como refuncionalização.

29
A homogeneidade histórica (a história universal) é a consolidação da barbárie.

30
Aproveitamento de material ou técnica de análise: o filme é um documento da cultura e um documento da barbárie.

31
O cinema de God-Hollywood que ilustra “teses sobre a tendência evolutivas da arte nas atuais condições produtivas”, revela as contradições fantasmagóricas do espaço imagético.

32
Há criatividade ou reificação na linguagem cinematográfica? Como pensar cientificamente a partir do cinema? Pensando a narrativa cinematográfica como história a contrapelo.

33
Em termos operatórios a apocatástase fílmica interroga o cinema como objeto de arte refuncionalizado.

34
O cinema no século XX corresponde às Passagens de Paris no século XIX. Imagens da fantasmagoria da época.

35
O espaço imagético da modernidade é uma mitologia a ser decifrada.

36
A mídia é um espaço imagético fantasmagórico.

37
Ao triunfo da racionalidade técnica, com a criação de uma segunda natureza, corresponde à existência arcaica. Mais bárbaro mais racionalizado mais naturalizado. Naturalização do mito.

38
O capitalismo cria fantasmas que batem à nossa. Tanto faz se Mickey Mouse ou vampiros vegetarianos. Globalização: “Os liberais tem a mente tão aberta que o cérebro deserta”.

39
Eu chamaria de pedagogia dos espaços imagéticos a política de decifrar a mitologia da modernidade. O conceito de refuncionalização possibilita outra percepção das novas atribuições dadas á reprodução da obra de arte.

40
Método: como olhar a obra de arte? Com o olhar da obra de arte funcionalizada, com novas atribuições dadas ao objeto artístico: educação, comunicação, informação, documento, barbárie, diversão, distração, difusão maciça, propaganda, publicidade.

41
O cinema é por sua própria natureza antropológico na medida em que não lhe é estranha a possibilidade de representar qualquer momento cultural da história do homem, no espaço e no tempo, com um envolvimento da percepção bem superior às formas anteriores de narração.

16/10/2011

Leonardo Carmo
Fonte: Via Política: Livre Informação e Cultura 

Nenhum comentário:

Postar um comentário