sábado, 15 de outubro de 2011

A Ciência na Crítica do Cinema

Luiz Rosemberg Filho - colagem


Ptolomeu, Copérnico e Newton criaram uma imagem do universo que explicava o mundo em que vivemos e o lugar do homem nele. Qual a imagem do universo hoje? 


A ordem é ampliar a área de consciência. Chama-se crítica científica do Cinema o projeto descritivo de filme inspirado nos novos paradigmas da Ciência.

Esse modelo de análise postula uma epistemologia não cartesiana para a pesquisa do filme e recorre à Matemática do Caos e à Física Quântica para uma intelegibilidade do Cinema, encarado aqui como algo que transcende a própria noção corrente de arte.

A construção da crítica cinematográfica – instrumental teórico e operário – insere-se no espaço da geometria não-euclidiana e da Teoria Geralda da Relatividade. Ou: alguns filmes são cartesianos, outros newtonianos e outros einstenianos. Fitas como Matadouro Cinco, direção de George Roy Hill (1972), baseado na obra de Kurt Vonnegut Jr., embola os gêneros comédia, ficção científica, drama e guerra, ou O Exterminador do Futuro II, de James Cameron (1984), que rende frutos até hoje, podem ser analisados em termos de miragem gravitacional.

Claro, não se trata de reduzir o cinema a uma subseção das Ciências Duras. Trata-se de não separar ciência e arte, e estudar as probabilidades das utilizações de equações matemáticas na interpretação de imagens cinematográficas. A síntese emergente não excluirá razão e imaginação, abordando cinema como uma ciência artística.

Luz é o resultado de um movimento vibratório rapidíssimo capaz de provocar em nós a sensação de visão. É bastante aceitável definir luz como a espécie de energia que nos permite ver. O instrumental para uma crítica contemporânea do cinema pode estar tanto para a física quântica quanto para a psicanálise.


Os planos se movem como quarks, partículas elementares que revelam as propriedades da matéria fílmica. Sequências podem ser analisadas em termos de um quark charmbeatuy, ou top. A finalidade desta aproximação é minimizar as dificuldades de escrita e verbalização do filme, compreendido como um fenômeno físico-químico plasmado no celulóide.

A eficácia da técnica de análise do filme ancorada na filosofia das ciências é questionável. Cada época inventou seu próprio universo. Ptolomeu, Copérnico e Newton criaram uma imagem do universo que, a um só tempo, explicava o mundo em que vivemos e o lugar do homem nele. Qual a imagem do universo hoje?

Será que as “descobertas” científicas efetivamente revelam como a natureza funciona, ou, ao contrário, nossa compreensão do universo não será senão um constructo de ideias, uma criação de nossa habilidade para descrevê-lo e interpretá-lo?

Nesse sentido, a crítica científica do cinema é uma construção de dados da imaginação e da razão para uma teoria da filmologia. O cinema – máquina que faz o pensamento voar segundo Eisenstein – levará o homem do século XXI para um novo ciclo de viagens – realidades intergalaxiais – onde a questão do sentido e significado do que é humano e a consciência histórica dele permanecerá desafiadoramente em aberto.

10/10/2011 

Leonardo Carmo
Publicado em Via Política: Livre Informação e Cultura

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