Luiz Rosemberg Filho - colagem
1Marc Ferro, historiador francês, propõe em Cinema e História (Ed. Paz e Terra, 2ª Ed. 2010), o filme como objeto de pesquisa histórica. A base do método está no que ele chama de visível e não-visível nas imagens. A história no cinema é uma contra-história ou uma contra-análise da sociedade.
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Contra-análise: fronteira no fotograma do visível e do não visível. O filme é observado não como obra de arte, mas como uma imagem-objeto, cujas significações não são apenas cinematográficas.
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Para Marc Ferro, o cinema vale pelo que testemunha, pela abordagem sociohistórica que autoriza. Como o filme se relaciona com a sociedade que o produz? De qual realidade o cinema o cinema é a imagem? Sociedade e filme são o mesmo.
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Mediação: escrita cinematográfica da história, escrita histórica do cinema. A construção da historiografia na perspectiva fílmica confere à imagem o estatuto de suporte para a produção do conhecimento. Historicidade imagética: racionalidade e estética.
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O filme como fonte de pesquisa histórica abre novos arquivos aos pesquisadores e enriquece a visão do espectador-pipoca, para o que se poderia chamar alfabetização pelas imagens e sons, a história informada pela arte cinematográfica.
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Ferro pergunta: em que medida o documento filmado – mais que o escrito – explode o campo tradicional da investigação histórica? No que ele pode contribuir para criticar ou reforçar a concepção dominante da História ensinada?
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Um aspecto fundamental do filme como contra-análise apoia-se na produção. O filme de ficção como testemunho histórico. Pergunto: por que o não-visível também nas superproduções? Outubro, sim. Avatar, não? Hermenêutica do filme.
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Exemplo: O paleontólogo e biólogo evolucionista Stephen Jay Goud, aponta falhas em O parque dos dinossauros, no livro Passado Imperfeito – a História no Cinema (organizado por Marc C. Carnes, Ed. Record,1996) que ainda assim não eliminam a ideia de história da ciência que a película arranha.
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Nenhum parque segura o T. Rex, versão pré-histórica do Tio Sam. Filmes como Doce Vingança e Professora sem Classe são contra-análise da sociedade e histórias idealizadas da América. O método de Marc Ferro parece superar os limites da produção quando se trata da construção, percepção, interpretação do não-visível no filme.
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Crise do petróleo em A Comilança, de Marc Ferreri; crítica do trabalho em Crônica de um Industrial, de Luiz Rosemberg Filho.Comendo os Ricos, de Tony Richardson, e Como Era Gostoso o Meu Francês, de Nelson Pereira dos Santos: história e antropofagia.
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Marc Ferro. Pierre Sorlin. Robert Stam. Tom Gunning. David Bordwell. Catherine Russell. Robert Rosenstone. Pesquisadores afinados com a escritura histórica do filme e a escritura fílmica da história.
2/10/2011
Leonardo Carmo
Publicado em Via Política: Livre Informação e Cultura
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